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Yama e Niyama

Yama e Niyama

Na filosofia do Yoga, a moral ou a moralidade possui o significado de estar em harmonia com o Universo, estar em estado de harmonia mental. A harmonia mental é necessária para poder meditar, para que a mente flua livre, sem impedimentos. Então, o propósito de Yama é produzir um estado de equilíbrio mental, onde a relação os outros seja harmoniosa, serena, pacífica.
O fundamento do Yoga, como toda espiritualidade autentica, é uma ética universal, ou seja, a base do Yoga é a Ética. Patanjali colocou como o primeiro passo na caminhada do aspirante espiritual, a ética e a disciplina moral, não propôs a meditação, pois precisamos primeiro aprender a controlar nossas atitudes.
Este código de conduta deixado por Patanjali, ultrapassa, ou melhor dizendo, perpassa todas as filosofias verdadeiras, sendo que não esta condicionado ao tempo, as épocas, aos valores relativos de cada sociedade. É um código universal.
Se olharmos um pouco para dentro de nossa mente, veremos que existe uma “tempestade” de pensamentos. O primeiro passo é procurar a calma, a tranqüilidade, para que possamos acalmar a tempestade. Um ótimo jeito para que esta calma aconteça é meditar. A meditação acalma a mente, entretanto não é fácil, pois é mais fácil manter o controle externo de nossos comportamentos do que controlar a nossa mente, os nossos pensamentos. Portanto, nós começamos pelo controle exterior, e pouco a pouco, chegamos a um controle interno perfeito.

Yama

As normas de disciplina moral, do Yama, tem a finalidade de pôr freio ao poderoso instinto de sobrevivência e canaliza-lo para servir a um propósito superior, regulando as interações sociais dos yoguis.
E o Yama é justamente a busca do controle de nossos comportamentos, são uma orientação de como nos portar diante dos outros.
A palavra Yama quer dizer “controle”, ou seja, como devemos nos controlar, nos comportar perante os outros. São ao todo cinco (5) princípios:
1. Ahimsa
2. Satya
3. Asteya
4. Brahmacarya
5. Aparigraha

Ahimsa
Significa não ferir ou magoar a outro Ser com Pensamento, Palavra ou Ação.
Também é traduzida como Não-Violência.

Satya
Satya significa Verdade Benevolente, ou seja, guiar todos os pensamentos, palavras e ações com o espírito de bem-estar. Também é traduzido como “Verdade”. Entretanto algumas verdades podem ferir as pessoas, por isto então esta tradução “Verdade Benevolente”.
No Mahanirvana-Tantra esta escrito:
Não a virtude mais excelente que a veracidade nem pecado maior que a mentira. Portanto, o homem (virtuosos) deve buscar refugio na veracidade com todo seu coração.

Asteya
Asteya significa abster-se de tomar, física ou mentalmente, o que pertence aos outros. Também é traduzido como “Não Roubar”. Sendo que o roubo pode acontecer de 4 maneiras.
1. Roubo físico de objetos alheios
2. Imaginação do roubo, ou seja, planejamento mental do roubo.
3. Quando você não roubou, mas privou algum ser daquilo que lhe é devido.
4. Planejou mentalmente privar algum ser daquilo que lhe é devido.

Brahmacarya
Brahmacarya significa ver Brahman, a divindade, o Supremo, presente em todas as coisas. Ver a divindade, o valor e a bondade inatos em todos os seres ou coisas. Brahmacarya é o principio mais importante de Yama, pois quando conseguimos Ver o Supremo em todas as coisas os demais princípios de Yama se realizam. Em algumas linhas de Yoga a palavra Brahmacarya significa castidade, ou contenção sexual. Entretanto a palavra Brahmacarya não significa isto. A palavra Brahmacarya é composta por duas (2) palavras: Brahman e Acarya. A plavra Brahman designa a Divindade, o Criador, aquele que manifesta o Universo, o primeiro deus da trindade hindu (Brahman – Vishnu – Shiva). A palavra Acarya é um título dado aos monges ou a pais de família que são reconhecidos como exemplo, pois a palavra significa “Aquele que ensina pelo exemplo”. Então nestas duas (2) palavras não consta nada a respeito especifico da sexualidade, e sim a idéia de ver o exemplo, de ver a manifestação do Supremo em tudo, em todos.

Aparigraha
Significa evitar de acumular coisas supérfluas em nossas vidas, ou seja, prega a simplicidade voluntária, o bem-estar que brota de dentro, que brota do Ser e não do Ter, e não dos objetos, coisas. Pois o excesso de bens gera o apego, a ganância, o medo da perda, e estes sentimentos e emoções distraem a mente do verdadeiro objetivo do Yoga, que é alcançar a meta suprema.

Niyama

O segundo membro do caminho óctuplo de Patanjali é o Niyama, que significa literalmente “Auto-controle”. Os elementos de Niyama dizem respeito a vida interior dos Yoguis. Enquanto as cinco regras de Yama servem para harmonizar o relacionamento deles com outros seres, as cinco regras de Niyama harmonizamo relacionamento com a vida em geral e com a realidade transcendente
1. Shaoca
2. Santosa
3. Tapah
4. Svadhyaya
5. Iishvara-Pranidhana

Shaoca
Significa manter a limpeza e a pureza da mente, do corpo e do meio-ambiente. Pode ser traduzido por “Pureza”. Em seu aspecto mais grosseiro se refere a limpeza física e do entorno que esta inserido. No aspecto mais sutil se refere a manter a mente livre dos sentimentos impuros.
Esta escrito no Maitrâyanîya-Upanishad:
Diz-se que a ente é dúplice: pura ou impura. É impura devido ao contato com os desejos; é pura quando esta liberta dos desejos.

Santosa
Significa manter-se em estado mental equilibrado, em harmonia, em tranqüilidade mental, sendo que é traduzido literalmente por “Contentamento”. No Yoga-Bhâshya escrito por Vyâsa, um dos mais importantes comentaristas do Yoga-Sutra de Patanjali, diz-se que: “não se deve cobiçar mais aquilo do que se tem a mão”

Tapah
Procurar realizar serviços desinteressadamente, fazer sacrifícios para beneficiar outros seres. É traduzido em algumas linhas de Yoga pela palavra “Ascese”. Encontra-se a seguinte definição de ascese no Dicionário de Língua Portuguesa, escrito por Ximenes:
Exercício Prático (oração, mortificação, meditação, etc.) que visa à conquista de virtudes espirituais.

Svadhyaya
Ler, estudar e entender temas espirituais, desenvolver o auto-estudo, manter-se em boa companhia, sendo traduzido literalmente por “Auto-estudo”. O objetivo de Svadhyaya não é a compreensão intelectual; é deixar-se absorver pela sabedoria dos antigos. Nas palavras de Georg Feuerstein:
É a consideração meditativa das verdades reveladas por videntes e sábios que cruzaram as remotas regiões que a mente não pode alcançar, e que só o coração é capaz de receber e deixar transformar.

Iishvara-Pranidhana
Significa procurar manter a nossa mente no ideal, ou seja, refugiar-se no Supremo. É o aspecto mais importante de Niyama, sendo que merece uma atenção especial. Existem duas palavras neste preceito de Niyama, uma Iishvara, que significa “Senhor” ou “Controlador do Universo”. A palavra Pranidhana significa “compreender claramente”, ou “adotar algo como refúgio”. Então podemos compreender Iishvara-Pranidhana como Manter-se Refugiado no Supremo.

 

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