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O que é Yoga? por Cathia Karin
O que é Yoga?
por Cathia Karin Heuser
Existem várias linhas, vários métodos de Yoga, nesta página quero lhe colocar um apanhado geral do que é o Yoga, suas técnicas, o sitema de Patañjali e a ética do Yoga nos yamas e niyamas.
A palavra yoga deriva da raiz sânscrita “ yuj “, que significa “ jungir”, “atar”, “reunir”, “religar”, “ dirigir e concentrar a atenção sobre”, “usar e aplicar”. Significa também “união” ou “comunhão” ; significa uma atitude da consciência que permite a alguém encarar a vida em todos os seus aspectos com equanimidade.
O yoga é também descrito como a sabedoria na ação ou a arte de viver com harmonia e moderação em meio às atividades. É estar em qualquer lugar, mas presente no que se está fazendo. É um estado constante de auto-observação, integração e união com tudo que o rodeia e consigo mesmo. É sentir-se parte integrante da vida, da natureza, do universo. Mas Yoga é também trabalho, estudo e principalmente prática, para continuar a renovação e manter os estágios já atingidos.
Na prática do Yoga, se insiste em uma boa integração do corpo, emoções, mente e espírito. Um corpo saudável e com vitalidade, entre todos os requisitos é o mais básico para esta viagem que é a vida. E o Yoga reestabelece a relação primitiva entre o corpo e a mente e devolve equlíbrio ao organismo. O Yoga nos ensina a entender o corpo e a desenvolver a sua sabedoria e inteligência original, através dos ásanas que são as técnicas corporais.
Cada individuo é livre para escolher a forma de Yoga que está em afinidade com o seu caráter, suas aspirações e suas capacidades, ou pode, a seu gosto, recorrer a uma combinação particular dessas diferentes formas. O Bhagavad-Gita, texto central do hinduísmo, nos dá a esse respeito o exemplo de uma fusão harmoniosa das diferentes vias de abordagem, em seus dezoito capítulos, cada um dos quais com o nome de um Yoga diferente.
O legado do Yoga foi transmitido oralmente de mestre à discípulo por muitas gerações. A palavra sânscrita que designa esta transmissão de conhecimento é parampara, que significa “um depois do outro”. Muito foi acrescentado, muito foi abandonado ou alterado. O Yoga não é, de maneira alguma, um todo homogêneo. Os pontos de vista e práticas variam de escola para escola. Não há apenas um Yoga, mas uma variedade de caminhos yogis e abordagens com estruturas e objetivos teóricos contrastantes, mas todas estas linhas pretendem levar o praticante ao estado de não condicionamentos, o estado de libertação chamado de moksha.
Historicamente, o mais significativo de todos os tipos de Yoga é o sistema clássico de Patañjali, também chamado de Yoga Darshana. Este sistema representa o resumo de muitas gerações de cultura yogi. Patañjali não criou o Yoga, limitou-se a sintetizar o conhecimento vedico no Yoga Sutra ou Aforismos do Yoga, que foi composto em uma época que varia, segundo os eruditos, entre os séculos II aC e IV dC.
Essa obra, de extrema concisão, desenvolvida posteriormente por numerosos comentários, forma o texto base do Yoga como Darshana, isto é, um dos seis pontos de vista sobre a Realidade última e os modos de aproximar-se dessa Realidade.
O sistema de Patañjali é também chamado de Ashtanga Yoga, um Yoga em oito partes, ou oito membros. A palavra anga quer dizer membro ou parte constituinte de um corpo. No presente contexto obviamente designa as oito subdivisões em que a técnica yogi está dividida.
Os oito membros são os seguintes:
* Yama: relacionamento com o mundo exterior;
* Niyama: relacionamento com o mundo interior;
* Asana: estabiildade e conforto na postura;
* Pranayama: Manipulação da energia vital;
* Pratyahara: cessação da influência dos estímulos externos;
* Dharana: concentração em um único objeto;
* Dhyana: meditação; o processo de concentração adquire fluidez;
* Samadhi: commpreensão real do objeto escolhido em dhyana;
Yama e niyama trazem equanimidade ao yogi e o mantêm em harmonia com seu semelhantes. Os asana conservam o corpo saudável, forte e em sintonia com a natureza. Por fim o yogi fica livre da consciência do corpo. Conquista o corpo e torna-se um veículo apropriado para atingir os estágios mais adiantados de consciência. Os primeiros quatro estagios são os esforços exteriores (bahiranga sadhana ).
O estágio seguinte, pranayama e pratyahara, ensinam o praticante a utilizar os sentidos de acordo com o seu sankalpa, direcionando assim a mente. Isso ajuda a liberar os sentidos dos objetos. A partir daqui os angas são conhecidos como antaranga sadhana.
Dharana, dhyana e samadhi constituem o samyama (atmaranga sadhana). São as técnicas essenciais do Yoga, passos progressivos do mesmo processo continuo, diferem entre si somente no grau de concentração e na presença de certas condições definidas e bem marcadas que distinguem um estágio de concentração do outro. O resultado da aplicação de Samyama com sucesso é, naturalmente, o conhecimento da Realidade que se procura conhecer. E como cada fração do verdadeiro conhecimento é associada com o poder correspondente, Samyama aplicado em um objeto leva ao desenvolvimento de um poder específico associado com esse conhecimento.
Os 5 Yama são:
* Ahimsa: Significa que devemos sempre nos comportar com consideração e atenção aos outros. Também significa gentileza, ser amigável com outros e consigo mesmo. Em todas as situações devemos tomar uma atitude considerada Ahimsa cria uma aura de paz que neutraliza sentimentos de inimizade.
* Satya: Significa falar a verdade. É necessário considerar o que falamos, como falamos, e como isso afeta os outros. Satya não deve entrar em conflito com ahimsa. Satya traz o poder de fazer com que suas palavras tenham o poder de se realizar.
* Asteya: Steya significa roubar, asteya é o oposto. Não devemos pegar nada que não nos pertence, ou tirar vantagem de quem nos confia algo. Observar asteya faz com que obtenhamos sem esforço, tesouros de todo tipo.
* Brahmacharya: Esta palavra é composta da raiz “char” que significa mover-se e a palavra Brahma, que significa verdade essencial. Podemos entender brahmacharya como um movimento em direção ao essencial. É mais usado em termos de abstinência sexual. Mais especificamente, brahmacharya sugere que devemos formar relacionamentos que nos façam entender as verdades mais nobres. Isso torna o praticante, vitalizado, forte e saudável.
* Aparigraha: Significa pegar somente o que é necessário e não tirar vantagem das situações. Faz vir à tona as lembranças de vidas anteriores.
Os 5 Niyama são:
* Shaucha: Limpeza tanto interior quanto exterior, pureza, no coração, na mente no corpo, pureza em pensamento palavra e ação. Aquele cuja mente se tornou pura pela concentração e entrou no si mesmo sente uma alegria que não se pode descrever por palavras e que só é inteligível ao instrumento interior a psique Maitrayaniya- Upanishad.
* Santosha: Significa modéstia e a sensação de estar contente com o que se tem. Aceitar os acontecimentos., deve encarar com equanimidade o sucesso e o fracasso a dor e o prazer, saíndo da dualidade e contente em ser quem é e com este momento da sua vida. Aceitação e auto-aceitação
* Tapas: Literalmente significa aquecer, e fazendo isso, provocar uma limpeza. Na noção de tapas existe a idéia de que nós podemos nos livrar das impurezas do nosso corpo. Ex. comer sem estar com fome é o oposto de tapas. Atenção a postura, respiração, são exemplos de tapas. Produz calor espiritual, traz perfeição ao corpo, tornando-o forte e robusto. Não deve ser confundido com autoflagelação.
* Svadhyaya: Significa se aproximar de si mesmo, estudar a si mesmo. Todo o aprendizado, reflexão, contato que o ajude a aprender mais sobre si mesmo é svadhyaya. O estudo de textos sagrados ou a repetição de mantras que tenham por objetivo o autoconhecimento também pode ser considerado svadhyaya, pois nos mostram a ligação da verdade divina com o que foi revelado aos sábios que escreveram os textos ou mantras.
* Ishvara-pranidhana : Significa pousar todas as suas aos pés de Deus. Já que avidya (ignorância) está por trás das nossas ações elas podem dar errado. Esta é a razão pela qual santosha (modéstia) é tão importante: nós fazemos o nosso melhor a conseqüência deixamos para um poder maior.
Os dois primeiros membros, Yama e Niyama, regem a vida social e pessoal do yogin a fim de diminuir a produção de volições e ações que só fariam aumentar-lhe a carga karmica. O objetivo é a eliminação de todo o Karma – isto é, de todos os ativadores subliminares (samskaras) embutidos nas profundezas da psique.
Para que essa transformação da consciência tenha êxito, os yogins têm que criar condições ambientais corretas dentro e fora de si. Yama e Niyama podem ser vistos como dois passos nessa direção. A postura, asana leva esse esforço ao nível do corpo.
Pelo simples praticar de uma destas virtudes todas as outras virão. Se uma for consumada, concentração, meditação e até mesmo samadhi serão alcançados. Até quando uma única virtude tornar-se parte da nossa natureza, a mente tornar-se-a límpida e tranqüila. Nem haverá necessidade de “praticar” meditação; a pessoa estará sempre meditando, automaticamente.
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