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Entrevista com Camila Reitz - Prof. de Hatha Vinyasa Yoga
A professora que esteve três vezes na Índia e é formada em Ashtanga fala sobre o Yoga na sua vida, como aprende com seus alunos e dá dicas para relaxar corpo e mente
Por Juliana Moraes reporter da Prana Yoga Journal
Responsável pelo Yogashala, Camila Reitz, 35, nasceu em São Paulo, mas aos 18 anos mudou-se para Florianópolis. Fez três viagens à Índia e concluiu sua formação em Ashtanga Yoga em São Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos, em 1999. Formada em Educação Física pela Universidade Estadual de Santa Catarina, em 2002, Camila é convidada do Eyoga dessa sexta-feira.
Eyoga – Como foi seu primeiro contato com o Yoga e quando começou a praticar?
Camila Reitz – Quando eu tinha 12 anos, meu irmão namorava uma moça de 18 que praticava Yoga. Como era adolescente e já a considerava uma mulher, era um exemplo a ser seguido. Adorava tudo o que ela fazia, então essa foi uma imagem muito marcante. Sempre gostei muito de praticar esporte, mas não gostava de ir à academia e era muito inquieta. Aos 18, comecei a fazer aula de Yoga, pois não encontrava paz interna em igreja, não conseguia acalmar a mente e também precisava endireitar a minha postura. O Yoga ajudou o corpo e a mente
Eyoga – Qual a linha de Yoga que você segue?
CR – Trabalho com Ashtanga Yoga, mas ele não contempla a meditação porque inclui todos os outros Angas. Não fico limitada a essa linha e busco a minha contemplação e os meus objetivos.
Eyoga – Você pode nos contar como foi a sua primeira experiência na Índia?
CR – Fui morar sozinha na Inglaterra muito nova. Quando chegou o inverno, queria fugir daquele clima, pois estava muito frio. Pensei em ir para a Índia por causa da temperatura e também para fazer Yoga no “DeRose”, mas como fui sem referência e com muito romantismo, não encontrei um lugar adequado. Lá é muito diferente porque ninguém te convence a fazer, você tem que saber o que procura, pois eles perguntam apenas “o que você quer?”. Todas as perguntas sobre o que você precisa têm que ser feitas por você, nada é dado. Permaneci por quatro meses, conheci o Sul todo e o meu maior aprendizado foi entender que sempre precisamos saber quais são as nossas metas para conseguirmos as respostas corretas.
Eyoga – A sua formação na Califórnia foi decisiva para a linha que você segue?
CR – Na realidade, esse foi o momento que comecei a sentir a prática. Mas foi na Austrália, quando me especializei em Ashtanga, que a prática física me fez perceber que tudo ao nosso redor reflete, não apenas o corpo. A minha orientadora me brecava, fazia com que eu observasse para reagir.
Eyoga – Quais os ensinamentos do Yoga você carrega na sua vida e passa aos seus alunos?
CR – Costumo observar minhas ações para não repetir os mesmos erros, pois por meio da própria vida adquirimos experiência. Com o Yoga diminuímos o ponto cego, abrimos a mente, temos liberdade no condicionamento, conseguimos nos libertar dos padrões e viver o que possuímos no momento. Atualmente, existe a psicologia infantil que tenta evitar traumas, para que cresçam adultos sem marcas. A consciência ajuda a não reproduzirmos padrões, pois estamos diferentes a todo instante, mesmo com as posturas repetidas diariamente, os resultados são diferentes.
Eyoga – Para você, o que é dar aula?
CR – Dar aula é aprender. Uma coisa é saber e outra melhor ainda é aprender. Sou professora de Yoga há 11 anos e acredito que o que sei é por causa da experiência, pois os alunos sempre me mostram novos pontos de vista. É muito importante esse contato, pois eles nos mostram que nunca podemos nos acomodar e temos que observar para podermos reagir.
Eyoga – O que você recomenda para os nossos leitores relaxarem o corpo e a mente?
CR – Por mais conflitos, problemas, traumas que tenhamos, temos que lembrar que está tudo bem. Tudo passa e serve de aprendizado. Observe a tristeza, porque ela logo vai embora. Tudo na vida tem a sua ordem, pois concordo com o ditado popular que “depois da tempestade vem a calmaria”. Tenha a mente em ordem que conseqüentemente seu corpo será sadio.
Eyoga – Qual a mensagem quer deixar?
CR – Confie na vida. Às vezes, o que parece estar errado é o mais correto para o momento.
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