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Direções para a Meditação - Por Swami Dayananda
Sadhana é o meio adotado para atingir um objetivo (sadhya). A pessoa envolvida em sadhana é o sadhaka. Todas as ações emprendidas pelo sadhaka, até que ele alcance o objetivo, são incluídas no termo sadhana. No sadhana de Vedanta, o sadhya é reconhecer o ser inerente em nós mesmos, o sadhana é o meio de conhecimento chamado pramana, baseado em shabda, a palavra falada do guru. O meio de conhecimento deve ser apropriado; adequado e apropriado para uma comunicação eficaz, e o discípulo deve ser um receptáculo adequado para receber este conhecimento. Portanto, o sadhana de Vedanta, para o estudante, é tornar sua mente qualificada e adequada o suficiente para receber o conhecimento comunicado pelo mestre. Hoje eu me encontro cercado por limitações e por uma falta de plenitude em mim mesmo. Eu desejo ultrapassar minhas limitações e, se possível, estar completo em mim mesmo. Este é o objetivo do sadhana de Vedanta. Exemplo: Um espaço-pote sente sua capacidade limitada e quer tornar-se o ilimitado espaço-céu. E apesar de não haver diferença no conteúdo espaço dos dois, o espaço-pote não tem conhecimento desta verdade. Este pote tem que, necessariamente, adquirir este conhecimento de outro pote que já reconheceu este conhecimento. Da mesma forma, um sadhaka, ou buscador de si mesmo, que está ansioso para ultrapassar suas limitações presentes, tem que obter o conhecimento de si mesmo de um mestre que reconheceu em si mesmo essa plenitude e ausência de limitações. Assim, ele se entrega ao mestre buscando este conhecimento. Então, um guru-shishya-parampara (uma linhagem de mestre-discípulo), com uma relação íntima de mestre-discípulo, tem se desenvolvido como tradição em Vedanta. Se o mestre é alguém que pode transmitir o conhecimento de maneira eficaz, e o discípulo tem uma mente capaz e adequada para receber e reter o conhecimento, a comunicação ocorre automaticamente. Portanto, a mente do discípulo tem que ser necessariamente sensível, com capacidade de visão alta e grandiosa. Uma mente vulgar é incapaz de tal visão por estar cheia de paixões e aversões que oscilam entre os pares de opostos chamados dvandvas. A mente de um sadhaka tem que ser objetiva e imparcial em sua avaliação de objetos e situações. Não pode ser uma mente cheia de desejos, pois projetará suas próprias idéias e desejos, e desejará sempre ser diferente. O sadhana de Vedanta é o tratamento adequado para essa mente. Sensibilidade, hoje, se tornou um problema ao invés de ser uma bênção; apesar de o indivíduo sensível poder distinguir até mesmo entre diferenças sutis, sempre deseja que as situações e os fatos sejam diferentes. O sadhaka tem que resolver este problema não desejando ser diferente do que ele é, pois este sentimento se origina do sentimento de limitação. Se tenho o conhecimento do que sou eu, de que sou em verdade pleno e completo, que eternidade é o conteúdo de minha natureza, eu não desejarei ser diferente do que sou.
O problema de ignorância
Uma pedra, sendo ignorante, não conhece sua ignorância, mas a mente humana sabe o que é ignorância. O antídoto, portanto, é conhecimento. A ignorância de minha natureza real não é uma ignorância espiritual, mas puramente psicológica, e pode ser removida quando a mente receber o conhecimento correto de si mesmo. Se, apesar deste conhecimento, a mente sente limitações e deseja ser diferente, o remédio é a repetição de shravana (escutar o ensinamento). A mente que projeta recusa encarar fatos e situações como são e quer fugir deles. Exemplo: A mente sabe que a morte física é inevitável para todos, mas não está preparada para aceitar o fato, quando a morte atinge um ente querido; deseja que não tenha acontecido e começa a se lamentar. Se estivesse preparada para aceitar este fato, teria mantido sua tranqüilidade. Mas, a mente pode também encarar fatos e manter a tranqüilidade, que é sua natureza. É, portanto, necessário que a mente seja mantida sempre limpa e pura. A mente com conhecimento de sua verdadeira natureza está livre de ignorância, pois conhecimento se opõe à ignorância. Se sou sat-cit-ananda (existência-consciência-plenitude), como pode haver ignorância em mim? Isto é porque a mente, consciente do conhecimento ou ignorância dos objetos, é ignorante de seu verdadeiro conhecimento ou identidade. Esta ignorância subjetiva pode ser eliminada pelo conhecimento subjetivo de sua própria natureza. Se a mente não é capaz de aceitar este conhecimento, isto é devido aos seus hábitos do passado. Sadhana é necessário para desenvolver e corrigir a mente. Outro problema do sadhaka é a mente que reage, que é outro obstáculo. Esta tendência a reagir tem que ser neutralizada. Para fazer isto, temos que saber o que é ação e o que é reação. Ação é um processo deliberado envolvendo sabedoria no pensar, enquanto que reação é mecânica, não envolvendo pensamento e controle. Um motor reage a uma velocidade específica estabelecida para ele sem qualquer controle sobre sua velocidade. Portanto, uma mente que reage não tem escolha, e age sem o processo de pensar. Muitos de nós têm mentes mecânicas e que reagem. Quando eu encontro uma pessoa, sorrio; mas, se não sei que estou sorrindo, é um sorriso mecânico. Mas, se sei que estou sorrindo, ele é deliberado e não mecânico, sem que eu saiba. O antídoto de ser mecânico é ser deliberado, e sempre alerta. Isto requer um constante estar alerta de seus hábitos mentais. E ainda, tendências negativas como raiva, medo, tristeza, inveja, egoísmo, todos esses são reações. O sadhana é transformar a mente mecânica e que reage em uma mente deliberada que age. Para isto a mente tem que ser purificada. Quando nascemos, nossa mente é pura. A medida que crescemos, adquirimos impurezas às quais temos que renunciar. A mente mecânica é a mente impura. Este constante processo de coleta de impurezas deixa vestígio na nossa personalidade. O remédio é a mente se tornar deliberada. Na Bhagavadgita, é dito no segundo capítulo, verso 66, que o conhecimento firme virá para o yukta (aquele que faz o adequado na hora adequada). Ele é deliberado em toda ação. Ele não se preocupa nem mais nem menos do que a medida certa. Ele mantém sua mente onde seus membros estão. Durante todo o dia ele é deliberado. De noite, ele dorme nem mais nem menos do que as horas adequadas. Quando acordado, sua mente funciona deliberadamente. Nós devemos ser yuktas. Para estar livre de automatismo, a mente tem que saber que esta sendo mecânica. No momento ela não sabe. A solução está em manter a mente alerta e atenta. A atenção e o automatismo são opostos entre si. Preste atenção à mente e reconheça quando ela tende a ser mecânica. Se tenho bem claro na minha mente que ela deve ser deliberada e não mecânica, e apesar disto algumas vezes ela se mostra mecânica, isto é devido aos hábitos do passado. Se sou capaz de descobrir quando a mente se torna mecânica, ela aos poucos se liberta de seu automatismo e se faz deliberada. Se diminui o intervalo entre o momento em que a mente se torna mecânica e minha descoberta, isto é progresso. Não menospreze você mesmo pelo fato de sua mente se fazer mecânica, mas esforce-se em torná-la deliberada. A mente mecânica é aquela que deseja sua queda e a deliberada, aquela que está sempre ao seu lado. A mente em ordem é uma mente deliberada, enquanto que a mente em desordem é mecânica, e é capaz de levar você a fazer coisas que por fim causam sofrimento. Que a mente esteja alerta para sua possibilidade de ser mecânica, e não reaja outra vez por ter sido mecânica! Faça a mente dizer: eu aprecio o erro e não repetirei. Arrependimentos nào ajudam. Quanto mais você conhece quando a mente tende a ser mecânica, tanto mais você está livre. Se você cultiva o estado de ser liberado, você pode se tornar alerta no momento que a mente tende a ser mecânica. A reação da mente a uma situação ou pessoa é uma projeção mental. A mente que não tem objetividade reage. Se a situação não se modifica, a mente reage mais, e você se sente desamparado. Este desamparo causa mais reações e contra-riações, constituindo uma corrente, e isto tem que ser cortado em algum ponto. O conhecimento da ação e reação ajuda a mente a não reagir, mas somente a agir. A conseqüência do automatismo é que ele impede a visão e coloca você sob o encanto do "demônio" chamado desejo. "O desejo e a raiva que nascem do guna rajas são os inimigos", diz a Bhagavad-gita. Quando a mente fica irritada, conheça a irritação na mente. Quando você se torna irritado, se você vê a irritação na sua mente, você não ficará sob o encanto da irritação. Mesmo se você tiver um vestígio desta irritação, você não é um indivíduo irritado, e aos poucos você se liberta até mesmo deste vestígio. Desta maneira você neutralizou sua irritação e ela não o prejudicará. Sendo consciente de todas ações fará com que a ação não mais seja mecânica. O mestre é aquele que orienta para tornar sua mente consciente de suas próprias ações e libertá-las de ser mecânica. Ele discutirá com você o valor de conduzir uma vida consciente para que seja possível a você ter uma vida de valores. A própria natureza da mente é transformar-se, e está sujeita ao esquecimento. Portanto, dê uma auto-sugestão à mente: serei consciente de todas minhas ações hoje, e não serei mecânico. A mente consciente é uma mente tranqüila, e ela não reagirá. Se você, conscientemente, criar esta mente tranqüila por algum tempo você pode estender esse tempo, vivendo cada momento conscientemente. Usamos palavras para nos comunicarmos. Minha comunicação é completa somente quando o ouvinte tem a visão que está em mim. Isto será fácil para uma mente tranqüila. A menos que sua mente esteja de fato tranqüila você não poderá imaginá-la tranqüila. Seu intelecto tem que estar convencido para treinar a mente a ficar tranqüila. Aos poucos você será um yukta, permanecendo em sua própria natureza real.
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