Textos
O Décimo Homem - Swami Dayananda Saraswati
por Swami Dayananda Saraswati
Havia uma vez um guru chamado Paramānanda. Ele tinha dez estudantes que eram chamados conjuntamente Paramānandaśiṣyaḥ, estudantes de Paramānanda. Um dia, aconteceu uma festividade numa aldeia próxima à floresta onde ficava o Āśram e os jovens resolveram comparecer. O professor não ia poder acompanhá-los e então pediu para o maior deles se ocupar de cuidar dos outros nove no caminho até a aldeia.
“Vou levar eles e trazê-los de volta em segurança, mestre”, disse o jovem. Cantando bhajans alegremente, foram à festividade a pé. No caminho tiveram que atravessar um rio que não era muito caudaloso mas mesmo assim precisava-se saber nadar para atravessá-lo.
Quando chegaram ao outro lado, o maior resolveu contâ-los para verificar que todos estivessem lá. Ele contou nove. Contou novamente e se deu conta de que faltava um. Ficou muito preocupado pois era o responsável por todos perante o mestre.
O jovem ficou sem saber o que fazer: não queria continuar sem o décimo estudante, e muito menos voltar ao Āśram. Desesperado, sentou embaixo de uma árvore para se lamuriar. Tempos depois aconteceu de um sādhu atravessar o seu caminho e, vendo-o desesperado, lhe perguntar o que aconteceu. Ele conta que certamente um dos estudantes se afogou ao atravessar o rio.
O sādhu dá uma risada que o menino não compreende. Ele pensa que o sábio está rindo da desgraça deles. Pergunta: “vocês eram dez? E você diz que agora são nove? Pois eu estou vendo os dez.” O estudante lhe pergunta: “mas onde está o décimo estudante? Você está vendo ele agora?”
“Esteja pronto para encontrar o décimo homem”, diz o sādhu. Depois pediu que todos os estudantes ficassem em fila e para o maior deles contar novamente. Ele faz o que lhe foi pedido mas só conta nove ainda. Triste, pergunta: “onde está o décimo?” O sādhu replica: “ele está à minha frente agora mesmo. Você é o décimo. Esqueceu de contar a si mesmo.”
Que “eu sou” é algo que o menino sabe. Porém, ele não sabe que ele é o décimo estudante. Ele sabe que é mas não sabe quem é e desconhece seu lugar na ordem do grupo. O décimo homem precisa ser descoberto, da mesma maneira que Īśvara precisa ser percebido na criação.
Assim como o décimo estudante sempre esteve aí, Īśvara também sempre esteve aí para ser visto, em todos os nomes e formas. Só precisamos nos dar conta da presença invariável de Īśvara em tudo e em todos. Essa é a história do décimo homem.
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